O utilitarismo possui duas dimensões essenciais. Em primeiro lugar, O seu critério do bem e do mal, à semelhança do epicurismo, é definido por um valor único, a felicidade ou o bem-estar[welfare] de todos os seres capazes de sentir prazer ou dor. O termo «utilidade» deve, pois, ser consideravelmente alargado a tudo o que proporciona satisfação sem ser necessariamente«utilitário» e perde qualquer conotação de instrumentalidade ou de neutralidade relativamente ao fim visado. O imperativo moral visa a utilidade total, calculada como um saldo líquido das satisfações relativamente às desvantagens, valendo todos o mesmo e sendo tratados de maneira imparcial.
O utilitarismo é, por outro lado, e esse é um aspecto essencial, um consequencialismo que se opõe à intervenção de critérios a priori para julgar a acção. Critica uma moral de tipo deontológico[ a de Kant em particular] na qual princípios morais independentes e a priori, intuitivamente conhecidos, outorgam ao acto o seu carácter moral, sem que entrem em linha de conta as consequências observáveis do acto e a avaliação destas. Mais precisamente é o acto e não a pessoa do agente ou o seu «carácter que é objecto de avaliação moral. Como recorda muito claramente Mill, no capítulo II do Utilitarismo, a própria doutrina de Kant só pode ter sentido, se se examinar não apenas a vontade, «boa» ou não do agente, mas também as consequências da sua acção para a felicidade geral. «Para que O princípio de Kant», escreve Mill, «tenha algum significado, é necessário interpretá-lo como se enunciasse que devemos conformar a nossa conduta com uma regra que todos os seres racionais poderiam adoptar com benefício para o seu interesse colectivo».- H. da Filosofia Política 4- Direcção de A.Renault
1 comentário:
Em pesquisa para meus trabalhos academicos, cheguei ao seu blog. Muito obrigado pela excelente qualidade encontrada. Voltarei para novas consultas. Deve ser um grande professor!
Meus cumprimentos,
Armando Nogueira
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