domingo, 16 de junho de 2013

Ah, Vida!-Nos teus véus efémeros




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Ah, poeta!- Quantos olhares e espelhos avistas tu?
Que nuns entreabres pomares altivos de colheita plena,
Mas noutros rasgas desertos sombrios e destilas-me nua
Como a angústia da insónia que se enrola à noite inteira!
*
Ah vida!- E em que alambiques te poderia decantar?
Se é nos teus eternos opostos que te sinto a florir e murchar,
 Por vagas de dor e euforias, sob um mar de alquimias incertas,
Tal como por entre as estrelas erram constelações secretas!
*
Ah, poeta!, Mas se sou véus em desafios e sonhos, 
Que é como nos teus versos, inocente, me arriscas!
Por que é que te jogas ainda no desenho dos meus rostos
Sem te cansares de olhar do deserto até aos pomares que avistas;
*
Ah, vida!, Mas se é nesses contra-partos eternos
 Onde te exploro pura como silêncio de estrelas em poesia...
Que tu és arco e flecha de cumes e vazios tão secretos:
Qual é o poeta que não ousaria acolher-te no teu fogo
Como ao mar alto os navios na sua intrepidez vadia!...

Véu de Maya

terça-feira, 11 de junho de 2013

POESIA DOS OLHOS


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Os teus olhos são tão lindos!
Lindos, como espelhos de Deus... 
Que enquanto forem assim purinhos
Sonham reflectidos nos meus;
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O teu olhar é tão brilhante! 
Que nunca me canso de olhar...
Brilha nele um sonho distante
Tal como uma pérola no mar;
*
Quando orbitam enevoados
Teus olhos se eclipsam para dentro!
E é nesse singular momento 
Que o Sol os toca apaixonados;
*
Teu olhar é um riacho da vida
Onde brinca a liberdade...
É como borboleta colorida
Onde se joga a felicidade!
*
Mas o que mais toca no fundo 
Não é o brilho do teu olhar...
Mas o teu olhar profundo
Que é como os faróis no mar!...

Véu de Maya


segunda-feira, 3 de junho de 2013

AH VIDA! NA EMBRIAGUEZ DOS TEUS LAÇOS



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Ah, vida! porque giras tão forte nos meus versos?
Nesses trajes de fadista sedutora em tons diversos,
Até quando me esquivo em mim de arder nos teus laços,
 Mas incapaz de resistir à embriaguez flagrante dos teus fados!
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Ah, poeta! e gostarias tu, que até antes das quimeras,
Com que te enfeitiço como frescura selvagem em viço de heras,
Te entregasse ao peso dos meus andares e desafios
Sem primeiro te afagar na leveza voraz dos meus suspiros?
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Ah, vida!-mas que gozo o teu, no espelho de mim,
E como poderia eu escapar às tuas irrupções sem fim!
Antes de mergulhar nas tuas esculturas eternas,
Como cabem na força das máscaras personagens inteiras.
*
Ah, poeta!- Mas se sou alquimia de fogo nos teus versos,
Em metáfora pura do destino humano em desafios diversos,
É porque me levanta, ser no teu rio, a colina dos teus olhos
E tu, no meu mar, o barco altivo dos meus rostos!..


Véu de Maya