quinta-feira, 13 de abril de 2017

Ah, vida!-nos teus véus efémeros/Morricone



copyright

*****
Ah, poeta!-quantos olhares e espelhos avistas tu?
Que nuns, entreabres pomares altivos de colheita plena,
Mas noutros, rasgas desertos sombrios e destilas-me nua,
Como a angústia da insónia que se enrola à noite inteira!
*
Ah vida! E em que alambiques te poderia decantar?
Se é nos teus eternos opostos que te sinto a florir e murchar,
Por vagas de dor e euforias, sob um mar de alquimias incertas,
Tal como, por entre as estrelas, erram constelações secretas!
*
Ah, poeta!, Mas se sou véus, em desafios e sonhos,
Que é como, nos teus versos, inocente, me arriscas!
Por que é que te jogas ainda no desenho dos meus rostos
Sem te cansares de olhar do deserto até aos pomares que avistas?
*
Ah, vida!, Mas se é nesses contra-partos eternos,
Onde te exploro pura, como silêncio de estrelas em poesia,
Que tu és arco e flecha de cumes e vazios tão secretos!
*
Qual é o poeta que não ousaria acolher-te no teu fogo
Como ao mar alto, os navios, na sua intrepidez vadia!...

Véu de Maya

PS-FELIZ PÁSCOA A TODA A GENTE QUE VISITA ESTE BLOGUE, COM PAZ E AMOR E LIBERDADE NO MUNDO.

domingo, 2 de abril de 2017

Nos Rios do Acaso/ Albinoni




copyright

*****
Sou o instante que passa
Como o amor que enlaça
E até o tempo sobre o rio do ser
Que é ainda a névoa que grassa;
*
Sou a vida que esvoaça
E até o mar que enfurece
Quando o barco naufraga
E o Mundo endoidece;
*
Sou o pássaro que voa
E a música que toca
Até quando a núvem escurece
E o Sol anoitece;
*
Sou a aventura do ser
E a vertigem do nada...
Toda a errância da vida
Nos véus da ilusão enrolada...
*
E toda a bruma do instante
Na eternidade cifrada...
*
Como o destino do ser?
Que é ser absoluto em tudo
Até nas miragens do nada!...

Véu de Maya