quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ERÓTICA DA PAIXÃO

SOL DA MEIA NOITE NA GRONELÂNDIA[Tony Braxton-Unbreak my Heart-barra de vídeo]
*
És a volúpia molhada
E eu a espuma dentro dela
Tu a paixão encantada
E eu o fogo que arde nela.
*
És o toque inocente
E eu a ternura sublime
Tu o erotismo fremente
e eu a irradiação firme.
*
És a vida apaixonada
E eu o brilho nos teus olhos
Tu a malícia endiabrada
E eu o vício nos teus folhos.
*
És o pomar à espera
E eu o fruto distante
Tu o manjar no instante
E eu o sabor que se estrela.
*
És explosão na minha vida
E eu chama na tua pureza
Tu a minha paixão florida
E eu o amor na tua leveza...



Véu de Maya

sábado, 24 de janeiro de 2009

COLINAS DA CLARIDADE


ATOL NO PACÍFICO [Feelings by Albert Morris-barra de vídeo]
*
Aí os véus dos destinos
Não os desvela ninguém;
São Ulisses nos seus caminhos,
Que são Penélopes também.
*
Ondulam incertos na vida,
Como os navios no mar.
Trinam guitarras a gemer
E ouvem a musa a cantar.
*
Só quem dança no silêncio,
E cheira as ninfas a arfar,
É que pode cantar nos oásis,
Os tesouros ainda por plantar.
*
E eu que sou na máscara o rosto,
E os sentires da humanidade,
Como poderia caminhar sem véus,
Nos bosques da claridade!...




Véu de Maya

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

JUSTIÇA ESTRELAR

BOSQUE COM LAVANDA
[Beethoven-ode to joy-barra de vídeo]
*
É o amor à justiça e o preço de a conquistar
como os navios que se aventuram
sulcando as ondas do mar;
*
o poder da autoridade e o dever de a respeitar
como o selo gravado na sabedoria elevada
à dignidade colectiva na presença do bem-estar;
*
a frescura do novo e os caminhos por andar
como abertura radiosa aos desafios do futuro
e às vozes dos oráculos por desvendar;
*
os transeuntes e a imensa floresta
felizes nos saltos do percurso onde unidos
se inebriam no transe da viagem e da descoberta;
*
o amor da partida e a alegria do regressar
como a viagem do navio que se aventura
pelo alto mar até a novos portos chegar;
*
o vento do deserto e o oásis libertador
como o entrelaçar da força entre guerreiros
até selar num abraço a fusão da alegria à dor;
*
a semente fértil e a terra cultivada
como a fusão amorosa entre ambas
até a vida se extasiar plasmada;
*
a actividade e o impulso do renascer
como ascensão no movimento das coisas
ao triundo do que ainda não é mas pode ser;
*
É sonho e liberdade, cultura e humanidade,
deserto e vento libertador;
semente e terra cultivada;
Viagem e floresta desbravada,
porto de partida e de chegada;
E na aventura que é o caminho
o triunfo sobre o não-ser que é pouco
mas é mais que nada!...



Véu de Maya.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

POÉTICA DA LIBERTAÇÃO

BELEZA POÉTICA DA LIBERDADE
[Laura Pausini-Strani Amori-barra de vídeo]
*
É a dor e a bravura contra a opressão
numa luta comprometida e valiosa
para arrancar o Mundo à escravidão;
*
a alegria e o sabor da libertação
onde tantas formas doentes e sombrias
são arrancadas à sua cruel desagregação;
*
a ligação entre os seres e a rebeldia
onde se compelem a união e a separação
para os obrigar à sua inevitável missão;
*
o conflito e a pobre discórdia
onde se afundam a vida e a cultura
quando os povos perdem o sentido da glória;
*
a lucidez e a nobre resignação
onde o enigmático e poderoso Universo
acolhe o homem nos confins da sua reflexão;
*
a perda do eu e o êxtase deleitável
onde nos véus da visão caiem os detalhes do ver
mas na roda do ser um caos festivo volta a acontecer;
*
a dor do vazio e da escravidão,
indeléveis na ausência de ser e na triste humilhação,
vergonha do homem e a coragem pela libertação;
*
É vazio e dor, bravura e libertação,
pardoxo de sermos rebeldia e união,
lucidez e a nobre resignação;
O Universo como indelével e condição
nas fronteiras da própria reflexão;
Slêncio do eu na totalidade englobante
onde somos apenas um guerreiro vacilante,
e a poesia a refloração permanente
que diz absoluta à vida: estou presente!...



Véu de Maya

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ERRÂNCIA EXISTENCIAL

ESVOAÇANDO [Celine Dion.I Surrender-Barra de vídeo].
*
É o apelo da vida à cultura
onde o fluxo criador tanto pode murchar
como renascer e brilhar;
*
o fluído e a seiva criadora
onde se celebram no auge
tempos intensos e uma nova aurora;
*
o declínio e a decadência
onde a vida e a cultura
se esgotam numa pobre doença;
*
o grito e o sono da morte
de Deus do homem e da sorte
quando a vida erra sem arte e sem norte;
*
a luta e o vazio no ser
onde a vida tanto se pode perder
como em novas paixões se acender;
*
o fogo e a chama do viver
onde é impossível deixar de ser
e se prefere o nada ao nada querer;
*
o sonho colectivo e a refloração
onde a vida e a cultura se fundem
no triundo de uma nova inspiração;
*
É vida e cultura, impulso e seiva criadora,
saúde e doença, declínio e aurora,
morte de Deus, da sorte, e do eu;
Vitória sobre si e um novo horizonte,
luta e vazio, paixões novas e os riscos
do nada e até de se perder;
Chama colectiva no fogo do viver
união frágil da vida e da sabedoria
na eterna inocência da poesia!...


Véu de Maya

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

INOCÊNCIA ERÓTICA

INOCÊNCIA ERÓTICA[Amália Rodrigues.Nem às paredes confesso.barra de vídeo]
*
Acaricio-te e logo me desfaço,
Porque saboreio no meu pomar
O vício ardente do teu abraço.
*
Desvelo-me e logo te incendeio,
Porque repuxas na orla da sedução
A volúpia erótica do meu desejo.
*
Percorro-te e logo me envolves
Na órbita sensual do teu jardim,
Com a intensidade do perfume
Que deixas a alastrar em mim.
*
Ouso e navego no aquário de ti
Como o sémen que se alastra leve,
E o peixe vadio que voga no rio,
E a natureza onde tudo se atreve.
*
Floresço-te e brindo à volúpia sensual
Com deleites e frutos do teu manjar,
E o prazer de os comer no meu pomar.
*
E assim rodo neste carrossel alegre,
Em fios de espuma que se esvai leve,
Por entre eflúvios de rodopio louco,
E cujo sabor cheira sempre a pouco...

Véu de Maya




sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO

O ENCANTO DA RENOVAÇÃO [Freddy Mercury.Living On My Own-barra de vídeo]
*
É a energia e a riqueza da memória
onde despontam das fontes seculares do aqui e agora
as múltiplas construções e descontruções da história;
*
o navio e a força das correntes
que impulsionam os marinheiros no mar
a deslumbrar novas paragens e fantásticos sóis poentes
*
o regresso e o perfume às antigas fontes
onde renascem frescos notáveis da vida humana
para lançar entre o passado e o futuro genuínas pontes;
*
O orgulho do passado e o sopro da imaginação
que sobrevoando nas asas do futuro
trazem ao efémero presente uma inolvidável lição;
*
a necessidade e a contingência
que erram no caos do desconhecido e da ciência
até serem largas visões nos binóculos da consciência;
*
a inquietação e o profundo silêncio
como a ponte entre o ser e o não ser
por onde corre um mistério imenso;
*
o devir múltiplo e os simulacros do ser
na memória do desgaste inexorável do tempo
até os arrancar com violência ao esquecimento;
*
É memória e esquecimento, tempo e mudança,
necessidade e contingência,
perplexidade e mistério,
inquietação e silêncio;
Nós entre o passado e o futuro,
tesouros do ser no âmago do devir;
Espelhos da vida, incerta e raínha,
nas deambulações da poesia tão reais,
como o sopro da sua sabedoria!...

Véu de Maya