sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

De cristal é o instante

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De cristal é o instante
Por ser o riso do efémero
E até uma vertigem estonteante!
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De seda é o poema...
Ao desvelar névoas nas brumas do ser
Depois de em véus florescer
Até em destinos se entranhar!
*
Mas inocente é o riso das crianças
Que dançam nas pontas do mistério
E ao vento lançam flechas e esperanças...
Só que tu Mundo! tu-como as alcanças?
*
E profundo voltará este espelho
Olhar alto nos lances do vermelho...
Que roda como luar a cada instante
Na ânsia de ser leveza de criança
*
Em altar puro e até vibrante
Onde a vida toque ao azar
Como violino em contra-dança!..
Véu de Maya

Deixo o meu abraço, com afecto.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Soneto à orgia do tempo


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Hei-de ser mar e terra e fogo e ar...
Quando, por fim, na roda que a tudo sela,
Secarem as flores da vida ao trémulo da vela,
Em vestes que só o tempo levará a pratear;
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E de sublimes versos, saírem cristais,
Como fluem das marés, algas e sais...
E de loucas paixões, volúpia e flores,
Em poções felinas, na altivez dos amores;
*
E das fundas dores cravadas no Mundo?
Chegarem gritos urgentes, de enlace profundo,
Ao luar da alegria, onde ela nunca vibrou...
*
Até que tudo, por fim, na orgia do tempo,
Tal como a vida ao arder em caos imenso,
Volte a ser no destino o anel onde brilhou!...

Véu de Maya

Deixo-vos o meu abraço, com afecto.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Na harpa da vida



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Ah, poeta! onde achas tu-musa mais pura?
Se até quando erras suspenso pelas estrelas...
Em jogos de inspiração que a brincar te vêm delas
Sou eu a vida-musa, a mais pura ninfa do teu véu.
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Ah, vida! e porque me seduzes com anéis e feitiços?
Que noutras ninfas não são mais do que máscaras e sorrisos...
Mas em ti!-metáforas de fogo-em risos e espelhos
Nas cores dos teus sulcos em violetas e vermelhos!
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Ah, poeta! e que colhes tu dos meus espelhos?
E desse pomar de cores em roxos e vermelhos
Onde te convido para cumes e fontes virginais...
Quando te olho-como a ninfa mais pura-nos olhos.
*
E dos leques do azar? com riscos sob mantos!
Em que te desafio do alto a rasgos com prantos... 
Para lá de todas as ninfas que te enfeitiçam
Mas tão ingénuas e efémeras nos seus suspiros e encantos.
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Aí, ó ninfa pura, suspendes-me a respiração!
E entrelaço-me ardente aos anéis do teu coração...
A segredar-te baixinho-neste silêncio estrelar de vozes-
*
Que me jogues outra vez para as estrelas
Com a inspiração de que tu-ó minha ninfa mais pura-
Me tragas outras marés fortes e barcos e vagas!...

Véu de Maya

domingo, 4 de janeiro de 2015

Nos Rios do Acaso


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Sou o instante que passa
Como o amor que enlaça
E até o tempo sobre o rio do ser
Que é ainda a névoa que grassa;
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Sou a vida que esvoaça
E até o mar que enfurece
Quando o barco naufraga
E o Mundo endoidece;
*
Sou o pássaro que voa
E a música que toca
Até quando a núvem escurece
E o Sol anoitece;
*
Sou a aventura do ser
E a vertigem do nada...
Toda a errância da vida
Nos véus da ilusão enrolada...
*
E toda a bruma do instante
Na eternidade cifrada...
*
Como o destino do ser?
Que é ser absoluto em tudo
Até nas miragens do nada!...

Véu de Maya

FELIZ ANO NOVO...O meu abraço, com afecto.