sexta-feira, 27 de março de 2009

PARTILHA ESTRELAR

MENINA SORRINDO
Connie Talbot-Imagine de John Lennon-Barra de vídeo
*
É a arte de compreender onde não é correspondida
e a dor face ao abismo do terrível ou da separação
onde estremece na lúcida vertigem de não ser compreendida;
*
a alegria de compreender e de ser correspondida
onde correm pelo Mundo os eflúvios da sua fertilidade
até beber águas puras e frescas nos recantos da verdade;
*
a riqueza da partilha no auge onde é correspondida
e a viagem volta a ser uma senda iluminada
como a utopia que se converte em plantação realizada;
*
o recolhimento em si e o êxtase da redenção
onde se abisma para colher com alegria e devoção
a força com que a vontade aspira a levantar a acção;
*
o fulgor da vida nos jogos entre a ironia e o trágico
onde se entranha no movimento e na espontaneidade
sem se fechar no inerte-universal-amor à verdade;
*

a dor e a alegria de ser reconhecida ou ignorada
como a aventura de ser partilhada ou desperdiçada
mas cuja ousadia é procurar sempre uma nova madrugada;
*
É a arte de compreender onde não é correspondida
e a alegria da partilha onde se renova enriquecida
como a liberdade já não no Mundo esquecida;
Coragem contra os véus da representação
dos que não se arriscam aos cumes da reflexão
por ficarem perdidos na vertigem da solução;
Viagens frágeis entre o ser e o pensar
exaltantes como os navios no mar
e a filosofia o instante eterno a desbravar!...


Luís Lourenço, Poética do Instante filosófico

quinta-feira, 12 de março de 2009

FIO DA NAVALHA

ANOITECER NA ANTÁRTIDA Beethoven- Moonlight Sonata- 6m-barra de vídeo
*
É o olhar perplexo frente à tecnologia
no espanto trágico de quase sempre ser impossível
o equilíbrio entre o conhecimento e a sabedoria;
*
o alívio e o conforto da meditação que promete
na sensação de gerar uma fantástica liberdade
e o perfume de uma planetária mas ingénua igualdade;
*
o perigo imerso no engenho da exterioridade
onde o paradoxo está no mecanismo de ser livre
sem ter o controlo total da realidade;
*
o radar da ambição e do progresso
onde a lucidez pode abrir os binóculos à ciência
e matar na tecnologia a parte inimiga do Universo;
*
o delírio pelo poder e o terrível pesadelo
onde a razão se diaboliza nas vestes da loucura
e sepulta vivos sem fim na morte e doença sem cura;
*
o ser planetário e a fragilidade humana
onde a mistura se torna explosiva e as tensões
são núvens pesadas para a civilização humana;
*
a fronteira entre o ser e o nada
onde o bem e o mal se galvanizam
sobre a lâmina de uma aguçada espada;
*
É o olhar perplexo face à tecnologia
na ilusão paradoxal de conseguir reconciliar
o conhecimento e a sabedoria;
O radar da ambição e do progresso,
orgulhoso em engenhos inteligentes,
mas errante e com perigos eminentes;
A vertigem travestida de loucura,
com ares de que querer ser pura
e a poesia nesta batalha tão dura!...



Véu de Maya

segunda-feira, 9 de março de 2009

A SIBILA DA PALAVRA

FAROL ENIGMÁTICOAmália Rodrigues-Acho inúteis as palavras-3m-barra de vídeo
*
É o véu e a ilusão
onde a vida se refresca nas ondas
de uma nova inspiração;
*
a medida do Mundo na vida da palavra
onde tudo se conjuga
para abrir uma nova caminhada;
*
a luz das metáforas e as névoas da verdade
onde se convocam os extremos
para festejar a liberdade;
*
a roda dos ventos e o arco dos sentimentos
onde se ensaiam novas virtudes
e estimulam novos pensamentos;
*
O futuro e os caminhos da saudade
onde se chocam a imaginação e a memória
para trazer vida plena à humanidade;
*
a identidade no seio da alteridade
onde se plasma todo o discurso
e a ambição na própria realidade;
*
o finito e a sede de infinitude
onde cada laço é a paixão ou revelação
de uma inédita ousadia ou inadiável virtude;
*
É véu e ilusão, metáfora e aspiração
identidade no seio da alteridade,
emoção e razões nos destinos da humanidade,
Colinas da finitude e da infinitude
onde joga toda a maldade
e trabalha toda a virtude;
Sonhos no grande e no pequeno,
aspirações urgentes de sabedoria
onde nascem os voos e os jardins da poesia!...


Véu de Maya

quinta-feira, 5 de março de 2009

SONHO ACORDADO

A PAZ SONHADA NO DESERTO

Tony Braxton-Spanish Guitar- 4.45s-barra de vídeo
*
Quero beber na nascente
onde a liberdade seja sagrada
e o amor seja uma prática corrente;
*
Quero conversar na colina
onde os véus sejam rasgados
e a música uma estrela sibilina;
*
Quero caminhar no presente
onde a aventura seja sagrada
e o mundo naturalmente inocente;
*
Quero escutar o silêncio
onde tudo seja eco sagrado
mesmo que Deus fique calado;
*
Quero passear pelo Caos
onde tudo esteja desguarnecido
mas o Universo subsista protegido;
*
Quero vencer todos os abismos
onde os sinos toquem festivos
e a vertigem recupere os sentidos;
*
Quero habitar nessa estrelar mansão
onde tudo seja apenas verdade
e os destinos houvessem de dar a mão;
*
Mas, ironicamente, tudo isto?
não passa de uma fantástica ilusão!...

Véu de Maya