"A marca da verdade de facto, aquela que a torna prioritária para o pensamento político, é a possibilidade de poder ser desvirtuada pela falsidade deliberada ou vulgar mentira, aspecto bem diferente dos erros e das confusões que também podem ocorrer no quadro do seu estabelecimento e registo histórico; e se a vigilância quanto á forma como é estabelecida, em termos da imparcialidade histórica, é lógicamente necessária, torna-se ainda mais difícil e sobretudo perigosa, quando é pervertida ou negada com propósitos esvaziadores da própria essência da actividade política, razão pela qual é imperativo para o pensamento político, mantê-la sob o foco da crítica" Hannah Arendt, Verdade e Política.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
VERDADE E POLÍTICA
domingo, 29 de junho de 2008
QUADRAS DA MINHA MÃE
Já não tenho pai nem mãe
Nem nesta terra parentes
Sou filha das tristes ervas
E neta das águas correntes
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Quem tem janelas de vidro
Não pode atirar pedradas
Eu fui atirar às vossas
E achei as minhas quebradas
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Azeitona miudinha
Que azeite podes dar
Homem pobre e sem dinheiro
Que amores hás-de arranjar
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Mais quero amar uma pedra
Do que amar teu coração
Uma pedra não me foge
E tu foges-me sem razão
Tradição Popular
sábado, 28 de junho de 2008
NIETZSCHE: IDEIAS POLÉMICAS
"O que eu combato: a excepção que contesta a regra, em lugar de compreender que a manutenção da regra é que dá valor à excepção";
"Neste século de sufrágio universal, em que cada um se sente autorizado a ajuizar de todos os indivíduos e de todas as coisas, sinto-me pressionado para restaurar a hierarquia";
"Há um erro deveras popular: o de ter a coragem das próprias convicções, quando o que importa é ter a coragem de atacar as próprias convicções";
Nietzsche; Vontade de Poder
sexta-feira, 27 de junho de 2008
AGOSTINHO DA SILVA:PENSAMENTOS
"Se toda a escola devia ter uma biblioteca do que já se sabe, devia ser-lhe paralela outra, ainda mais fecunda, a do que não se sabe";
"Cada um de nós, como Homem, é inteiramente excepcional, simplesmente as condições da sociedade em que vivemos, obriga todos nós, a lentamente irmos parecendo uns com os outros";
"Quando alguma coisa é alguma coisa deixa logo de ser todas as outras, e isso é uma pena. O que é preciso é ser tudo ao mesmo tempo...ser e não ser são a chave do ser";
"Feche as embaixadas que temos e que não servem para nada, e em seu lugar abra tasquinhas com bons petiscos, boa música e gente divertida...foi assim que fizemos ao longo da História":
"O que importa não é educar mas evitar que os homens se deseduquem...porque cada um de nós é um ente extraordinário, com lugar no céu das ideias...seremos capazes de nos desenvolver, de reencontrar o que em nós é extraordinário e transformaremos o mundo";
"Os homens de acção são os oleiros de Deus e não te esqueças que até pensar é agir...se em Deus, ser e agir são a mesma coisa, no Homem o mesmo deverá proceder-se "AGostinho da Silva, Cadernos biográficos.14.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
A ERRÂNCIA E A DÚVIDA LIBERTADORA
com inéditas questões que varem os dogmas para fora;
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a ilusão frágil de ser senhor de si e do Universo
onde sobre o real tudo é duvidoso e controverso
menos o que no pensar está inscrito e é o inverso;
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o espanto frente à imensa natureza
onde a confiança no mecanismo e na ciência
dá lugar aos pilares de tão almejada fortaleza;
***
a humilde sabedoria das metamorfoses
no Universo, múltiplas, errantes e dispersas,
e no homem firmes se as mistura em doses certas;
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o jogo da dúvida e da certeza
onde cada pergunta desafia a incerteza
e cada dúvida ambiciona por uma nova certeza;
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o mito da certeza e a ilusão do sujeito
na claridade de uma nova dialéctica
onde a certeza do eu é apenas aspiração frenética;
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o percurso, a dúvida, e o lugar da verdade
onde a certeza é a bela ilusão em que a dúvida repousa
antes de voar para uma nova imaginação da realidade;
***
É a dúvida e a viagem libertadora,
incerteza e errância no desconhecido;
Humilde sabedoria das metamorfoses,
no Universo e no homem
distantes mas conformes:
Percurso, inquietação e lugar da verdade
onde a dúvida repousa efémera e lúcida
num alegre despertar face à realidade
até subir a uma nova certeza e claridade!...
terça-feira, 24 de junho de 2008
O VEU DA ILUSÂO
segunda-feira, 23 de junho de 2008
DIONYSOS
domingo, 22 de junho de 2008
INTERLÚDIO AMOROSO
As cerejas do teu pomar
Não as ponho nas orelhas
Mas com elas faço o jogo
Que o Mundo no teu olhar
Vem em meus lábios
Beijar...
Luís Lourenço
sábado, 21 de junho de 2008
ESCUTO
Escuto mas não sei
Se o que ouço é silêncio
Ou deus
Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita
Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco
Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 19 de junho de 2008
MAS QUE RIQUEZA?
quarta-feira, 18 de junho de 2008
CARPE DIEM
terça-feira, 17 de junho de 2008
O PASSEANTE INVISÍVEL
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A jovialidade passa por falta de profundidade, ainda que ela seja por vezes a alegria que sucede a uma longa e excessiva tensão, quem detecta isso?
domingo, 15 de junho de 2008
O ACTO SOLITÁRIO E A APOSTA DUAL
É o acto solitário e a aposta dual
onde a vida do conceito e o ser da realidade
se fermentam um ao outro por igual;
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o ser particular e o conceito universal
que se desafiam um ao outro na ilusão
de ser a sua verdade a verdade na palavra final;
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a liberdade fechada na reconsolação singular
onde o eu sobe ao castelo de si para a reconfirmar
mas fica refém do real onde não a pode reconciliar;
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o ser na casa de si e a felicidade no Mundo
onde a liberdade se torna viva e concreta
e aspira a ser mais que uma ilusão valiosa e secreta;
***
o ser particular e o conceito universal
onde a liberdade se torna o plasma do Mundo
e a felicidade pode voar em realizações de fundo;
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a verdade solitária e a coragem colectiva
que se fundem uma na outra
até arrancar novas formas à vida;
***
o sentido da vida e a liberdade sonhada
que se orgulham de ser nos humanos
a utopia desejada e a ambição realizada;
***
É a verdade solitária e a aposta universal,
liberdade plena de si mas vacilante no Mundo,
onde a união entre ambas se converte
no trágico dilema que é a epopeia de fundo;
Procura solitária e coragem colectiva
ancoradas bem uma na outra
até arrancar novas formas à vida;
O poder trágico do elo cósmico-humano
trazido nobremente à filosofia!...
Luís Lourenço
sábado, 14 de junho de 2008
A ENCANTDORA DE SERPENTES?
- "Dantes, o eu escondia-se no rebanho, presentemente, o rebanho esconde-se no fundo do eu»;
- «À altitude conveniente tudo se assemelha e se confunde, os pensamentos do filósofo, as obras do artista e as boas acções»;
- O que se perde em qualquer especialização, é a forma sintética que, na natureza, é a forma superior»
Nietzsche, Vontade de Poder I
quarta-feira, 11 de junho de 2008
AINDA A QUESTÃO DA JUSTIÇA?
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"Admitimos normalmente que uma discussão conduzida de modo ideal entre um grupo de pessoas tem maiores probabiliades de atingir uma conclusão correcta[se necessário mediante uma votação] do que as análises isoladas de cada um dos participantes. Qual a razão deste facto? No quotidiano, a troca de opiniões com outros limita a nossa parcialidade e alarga as nossas perspectivas; somos obrigados a ver a realidade através do ponto de vista dos outros e tomamos consciência da limitação das nossas posições. Mas, num processo ideal, a presença do véu de ignorância signfica que a imparcialidade do legislador é um dado adquirido. Os benefícios da discussão decorrem do facto de que mesmo os legisladores representativos têm conhecimentos e capacidades de raciocínio limitados. Nenhum deles sabe tudo o que os outros sabem ou consegue tirar as conclusões que só em conjunto se torna possível atingir. A discussão é uma forma de combinar a informação e de alargar o alcance dos argumentos. Os efeitos das deliberações em comum parecem melhorar necessáriamente a situação, pelo menos desde que se prolonguem no tempo." JOHN RAWLS; UMA TEORIA DA JUSTIÇA
terça-feira, 10 de junho de 2008
O PODER DA SAGEZA E DA JUSTIÇA
onde o relógio da grande inquietação
segunda-feira, 9 de junho de 2008
DEFINIÇÃO DE DESOBEDIÊCIA CIVIL
domingo, 8 de junho de 2008
JUSTIÇA E POUPANÇA
"Quando a população é pobre e a poupança difícil deve exigir-se uma taxa mais baixa de poupança; enquanto que de uma sociedade mais rica podemos razoavelmente contar com poupanças maiores, dado que o sacrifício real exigido pela poupança é menor. Pode acontecer que quando as instituições justas estiverem solidamente estabelecidas e todas as liberdades básicas efectivamente realizadas, a acumulação líquida exigida desça para zero. Ao atingir este ponto a sociedade satisfaz o seu dever de justiça conservando as instituições justas e salvaguardando a respectiva base material. O princípio da poupança justa aplica-se àquilo que, de acordo com as exigências da justiça, uma sociedade deve poupar. O desejo de os seus membros pouparem por outras razões coloca-se-se-se num plano diferente"
JOHN RAWLS, UMA TEORIA DA JUSTIÇA
sábado, 7 de junho de 2008
PERSPICÁCIA
sexta-feira, 6 de junho de 2008
EQUIDADE E JUSTIÇA?
"Não se pode esquecer que o princípio da equidade tem duas partes, uma que indica como é que contraímos obrigações, ou seja, praticando volutariamente certos actos, e outra que estabelece a condição de que a instituição em causa deve ser justa senão de modo perfeito, pelo menos tão justa quanto é razoável esperar face às circunstâncias concretas. O objectivo desta segunda cláusula é garantir que a obrigação surgirá apenas se certas condições de fundo estiverem cumpridas. A aceitação ou mesmo o consentimento de instituições claramente injustas não dá origem a obrigações. É geralmente aceite que as promessas obtidas por extorsão são nulas ab initio. Da mesma forma, as estruturas sociais injustas constituem, elas próprias, uma espécie de extorsão, ou até de violência, e o consentimento que se lhes preste não é vinculativo. A razão para esta condição está no facto de que as partes na posição original insistirão para que ela seja imposta", JOHN RAWLS, UMA TEORIA DA JUSTIÇA,
quinta-feira, 5 de junho de 2008
AVENTURA DO ESPÍRITO[DIA DO AMBIENTE]
E aí, nessa extrema solidão, se produz a segunda metamorfose: o espírito torna-se leão. Decide conquistar a sua liberdade e ser o rei do seu próprio deserto.
Busca um último senhor; ele será o inimigo desse último senhor e do seu derradeiro Deus; ele quer medir-se com o grande dragão, e vencê-lo.
Mas o que é esse grande dragão que, doravante, o espírito recusa chamar seu senhor e seu Deus? o nome do grande dragão é «Tu -deves ». Mas a alma do leão diz: «Eu quero »
«Tu-deves» barra-lhe o caminho, brilhando de oiro, coberto de escamas, e sobre cada uma dessas escamas brilham em letras de oiro, estas palavras: «Tu-deves »
Valores milenários brilham sobre essas escamas, e assim fala o mais poderoso de todos os dragões: «Todos os valores das coisas brilham sobre o meu corpo.
Todos os valores foram criados no passado, e a soma de todos os valores criados , sou eu. Em verdade não deverá mais existir qualquer «eu quero»...Assim fala o dragão.
Meus irmãos para que serve ter este dragão no espírito? porque não será suficiente o animal paciente, resignado e respeitoso?
O próprio leão ainda não está preparado para criar novos valores; mas liberta-se a fim de se tornar apto a criar novos valores, eis o que pode a força do leão.
Para conquistar a sua própria liberdade e o direito sagrado de dizer não, mesmo ao dever, para isso meus irmãos é necessário ser leão.
Conquistar o direito a novos valores é para um espírito paciente e laborioso a mais temível das empresas. E por certo que ele vê nela um acto de banditismo e de rapina.
O que ele outrora amava como o seu bem mais sagrado, é o «Tu-deves » Deve agora descobrir a ilusão e a arbitrariedade na própria base do que de mais sagrado existe no mundo, e conquistar assim, pela violência, o direito a libertar-se dessa prisão: para exercer uma tal violência é necessário ser leão.
Mas dizei-me meus irmãos que pode ainda a criança, e de que o próprio leão seria incapaz? Porque deverá ainda o leão roubador tornar-se criança?
É que a criança é inocência e olvido, novo começar, jogo, roda que se move por si própria, primeiro móvel, afirmação santa." Nietzsche, assim Falava Zaratustra
quarta-feira, 4 de junho de 2008
DAS TRÊS METAMORFOSES DO ESPÍRITO
« Que há de pesado para transportar? diz o espírito transformado em besta de carga, e logo se ajoelha, tal como o camelo, e deseja ser bem carregado.
«Qual a mais pesada das tarefas, ó heroi, pergunta o espírito tornado besta de carga, eu a quero assumir, a fim de gozar da minha força. " Nietzsche, Assim Falava Zaratustra.
terça-feira, 3 de junho de 2008
A TORRE DE BABEL
Bruegel coloca a reconstituição da TORRE na paisagem costeira-é graças ao mar que os Holandeses adquirem grande parte da sua riqueza. A TORRE encontra-se por isso à beira de um rio-de facto, o transporte das mercadorias de grande tonelagem, como as pedras e o mármore, fazia-se pelas vias navegáveis e não por terra, onde os caminhos não eram pavimentados. A pintura introduz no episódio bíblico várias referências à realidade, entre outras o panorama da cidade.
Os contemporâneos de Bruegel encontraram explicação para a sua situação pouco babitual[ uma sociedade «multicultural» onde era muito difícil as pessoas entenderem-se-em particular no campo da religião] na Bíblia, no relato da construção da Torre de Babel[Génesis, II]; o rei Nimrod queria construir uma Torre cujo topo chegasse ao céu: Deus, aos olhos de quem este edifício representava o desmesurado orgulho dos homens, castigou-os, introduzindo a diferença de línguas. Vendo-se desde então impossibilitados de se entender, os operários dispersaram-se deixando a obra inacabada. TASCHEN PÚBLICO