quarta-feira, 16 de abril de 2008

Política do entendimento ou da razão?

LIBERTAÇÃO_M.C.ESCHER

O político do entendimento, explicava Aron, «procura salvaguardar certos bens, paz, liberdade, ou atingir um objectivo único, a grandeza nacional, em situações sempre novas que se sucedem sem se organizarem»: este tipo de político é « como o piloto que navega sem conhecer o porto» e « para quem, cada instante é novo »।Para ilustrar esta concepção da política, R. Aron mencionava Alain, do qual dirá mais tarde ter herdado a expressão de « política do entendimento », e de Max Weber, a propósito do qual explicitou, no mesmo ano, que recusava qualquer possibilidade para o homem político, de « deduzir logicamente a decisão a tomar num certo momento», porquanto « a conjuntura é sempre única » e «a evolução do todo leva a configurações que se renovam incessantemente»

Por oposição o político da razão era descrito por Aron como aquele que « prevê pelo menos o fim próximo da evolução», no sentido, por exemplo, em que «o marxista sabe do desaparecimento inevitável do capitalismo», e enfrenta como «único problema» a necessidade «de adaptar a táctica à estratégia, a conciliação com o regime actual tendo em vista a preparação do regime futuro».

Resumindo : de um lado, «o homem político não conhece o futuro, conhece a realidade e tenta navegar o melhor que pode, com prudência»; do outro «pretende conhecer o futuro» e «toma as decisões políticas em função de uma evolução histórica que crê prever e dominar», pelo que a acção se apoia «numa previsão global da história»". História da Filosofia Política, 4, Direcção de Alain Renault.

Sem comentários: