_Minha mãe, haverá mundo
para além da Trafaria?
_Não sei, meu filho. Não sei
Tudo aquilo que sabia
já no meu sangue te dei.
_Que serras são estas, mãe,
que não nos deixam ver nada?
_São rugas que a terra tem.
Não maces a tua mãe.
Deixa-me estar descansada.
_Ó mãe, que rio é aquele?
Onde nasce e onde morre?
_Ó filho, é Deus que o impele.
Entretem-te a olhar para ele.
É um rio.Tém água. Corre.
_
Quando eu for crescido, mãe,
quero saber e entender.
_Ó filho, o supremo bem
é cada qual, com o que tem,
resignar-se e agradecer.
Deus faz tudo pelo melhor.
Não se engana nem se esquece.
De todo o mal, o maior
seria sempre pior
se Deus assim o quisesse.
Ninguém foge ao seu destino.
Está tudo determinado.
Não penses com desatino.
Dorme, dorme, meu menino,
um soninho descansado.
António Gedeão, OBRA POÉTICA
2 comentários:
Ai que cheirinho bom me trouxeste. :-)
É o perfume da Primavera!
Que cheira tão bem no seio maternal!...
Luís Lourenço
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