segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A liberdade como princípio do agir.

Os homens são livres-o que é diferente de apenas possuirem a aptidão para a liberdade-enquanto agem, não antes nem depois; pois ser livre e agir são uma e a mesma coisa.
A liberdade como inerente à acção é talvez mais bem ilustrada pelo conceito de virtù de Maquiavel, a excelência com a qual o homem responde às oportunidades que o mundo abre perante ele sob a forma de fortuna. O significado que melhor a traduz é o de "virtuosismo" ou seja, uma excelência normalmente atribuída no terreno das artes interpretativas[diferentes das artes do fazer, que são criativas], onde o mérito está na própria execução, e não num produto final capaz de sobreviver à acção que o trouxe à existência e tornar-se independente dela. a virtuosidade da virtù em Maquiavel recorda-nos de certo modo o facto[muito provavelmente desconhecido de Maquiavel] de os gregos sempre terem usado metáforas como as de tocar flauta, dançar, curar e navegar para distinguir a política das outras actividades, significando isto que os gregos retiravam as suas analogias de artes em que o virtuosismo da execução é fundamental. Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro.

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