domingo, 3 de fevereiro de 2008

Crise de autoridade?

O mais significativo sintoma da crise, indício da sua amplitude e gravidade, é ela ter-se espalhado para áreas pré-políticas como a puericultura e a educação onde a autoridade, no seu sentido mais lato, sempre fora aceite como uma necessidade natural exigida obviamente, tanto por razões naturais[a dependência das crianças],como por razões políticas[a continuidade de uma civilização estabelecida que só pode ser garantida se os os recém-chegados forem guiados através de um mundo pré-estabelecido onde, ao nascer, são como estranhos. Pelo seu carácter mais simples e elementar, esta forma de autoridade serviu de modelo ao longo da história do pensamento político, a uma enorme variedade de formas autoritárias de governo; pelo que, se até esta autoridade pré-política que rege as relações entre adultos e crianças, entre professores e alunos, já deixou de ser segura, isto significa que todos os outrora venerados modelos e metáforas de relações autoritárias perderam a sua plausibilidade. Hannah Arendt, Entre o Passado e o Futuro.

Sem comentários: