*****
Ah, vida errante!, como são genuínas e vermelhas
As metáforas puras que te atiro ao espelho...
Como que a desafiar-te nas parcas do destino
A iluminar este meu inocente desatino;
*
Porque não as pintas-sorris-me tu-estrelar-
Com o azul do céu ou a branquidão do luar?
Em vez de as carregares no vermelho da vertigem
Como estremecem os barcos às vagas do mar!
*
E como poderias tu?-nesse jogo felino-
Desfolhar-me os leques do destino!
Se em cada enigma meu
Cada uma das tuas metáforas
Não passa de um desatino teu...
*
Ah, vida pura! Instante doirado!
No espelho agora um sorriso duplicado:
O teu que é total e cifrado
E o meu colorido de paixão
Mas desta vertigem puramente aliviado!...
Véu de Maya