segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ah, Vida! Por ti-Ponte Sagrada.



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Ah, poeta! quanta amplitude leio nos teus olhos,
Quando me desfolhas, pura, no teu jardim de sonhos
E te acolho, no eterno de mim, aos teus amores efémeros,
Tal como tu, ao celebrares-me forte, nas pétalas dos teus versos!
*
Ah, vida!-e porque me afagas com esse teu sorriso,
Que para ouvidos sensíveis é o teu mais terno suspiro?
Neste silêncio inefável de laços e máscaras e rostos,
Onde te entrelaço, por escolhos e teatros, olhos nos olhos!
*
Ah, poeta! É que as clareiras que colho no teu olhar
São no meu espelho as tuas névoas expostas ao luar,
 Como a paixão, que se verte em volúpia, nas sedas da madrugada!
*
Ah vida! mas que espelho o teu, entre sonhos e olhares!
  Onde, intensos, reluzem os meus silêncios e os teus andares...
  E qual é o poeta que não ousaria ser por ti-ponte sagrada?... 

Véu de Maya


terça-feira, 21 de maio de 2013

Ah, vida ! Que véus encobres tu?


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Ah, vida! Que véus encobres tu aos poetas?
Que se entranham em ti como fogo em neblinas,
Mas não resistem, ao transitar pelos teus ocres vermelhos,
De sonhar ainda desvelar as tuas misteriosas entrelinhas!
*
Ah, poeta!-mas se deslizas em mim, como o luar em neblinas,
Por que haveria eu de te abrir o leque dos meus enigmas?
Se, no fundo dos teus enzimas, eu sou já o anel efémero dos teus véus,
Tal como o cometa errante por entre as estrelas dos céus;
*
Ah, vida!-esses véus que me ocultas-são as raízes do teu chão!
Que essas chamas, trago-as eu-incertas mas puras-no fundo do meu coração,
Como as que levas ao silêncio das fontes, no riso dos profetas;

Ah, poeta! se me encanta o teu monólogo, em frémitos de espelho?
E como poderia eu, sonho de tudo, esquivar-me ao teu fogo sereno,
Se é na embriaguez dos poetas que eu sou o arco das tuas flechas!...

Véu de Maya


segunda-feira, 20 de maio de 2013

SONHO ACORDADO





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Quero beber na nascente
onde a liiberdade seja sagrada
e o amor seja uma prática corrente;
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Quero conversar na colina
onde os véus sejam rasgados
e a música uma estrela sibilina;
*
Quero caminhar no presente
onde a aventura seja sagrada
e o mundo naturalmente inocente;
*
 Quero escutar o silêncio
 onde tudo seja eco sagrado
 mesmo que Deus fique calado;
*
Quero passear pelo caos
 onde tudo esteja desguarnecido
 mas o Universo subsista protegido;
*
Quero vencer todos os abismos
onde os sinos toquem festivos
 e a vertigem recupere os sentidos;
*
Quero habitar nessa estrelar mansão
onde tudo seja apenas verdade
e os destinos houvessem de dar a mão...
*
Mas-ironicamente-tudo isto?
não passa de uma fantástica ilusão!...
Véu de Maya

quinta-feira, 16 de maio de 2013

SOL EM NEBLINAS



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Bebo nas nascentes puras...
Mas quem colhe as águas límpidas
Onde a vida é paixão de musas nuas
Com arcos de riso às parcas sombrias;
*
Desfloro as metáforas livres...
Mas quem colhe o perfume delas 
Na beleza dos espelhos;
*
Habito nas colinas altas...
Mas quem escuta a leveza dos céus
E desvela o segredo dos véus 
como o Sol clareia às neblinas;
*
Sonho nas moradas livres...
Mas quem arranca ao homem o escravo
E o cinzela livre na órbita do senhor
Com flechas acutilantes e firmes;
*
Mas ah, se rasgo o véu destas ilusões risonhas!
Onde desflorei a vida em metáforas puras
Como o Sol faz às neblinas obscuras 
E o mar às pragas mal-fadonhas...
*
Caio no abismo de uma vertigem tristonha:
Onde o deserto cresce e o homem degenera
E os povos erram escravos e sem vergonha
E da liberdade simplesmente presos por um fio!...

Véu de Maya

domingo, 12 de maio de 2013

NA MADRUGADA SILENCIOSA




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Vida claras, quentes e sagradas
Das paixões ardentes na nascente
Como o Sol das praias vadias no poente
E a embriaguez louca das madrugadas;
*
Desfolho uma orquídea envergonhada
Atiro-a pró céu, qual ardente estrelinha!
Partilho com ela à sedução dançarina
E aos risos do prazer, brisa na madrugada...
*
Os jactos do prazer escorrem à flor da pele
 Nossos beijos são doces como o mel
Enfeitiçou-nos o doce sabor às amoras;
Somos a vida e o navio e a ilha voluptuosa
E-ingenuamente-na madrugada silenciosa
Qual paixão! o encanto das nossas horas...

Véu de Maya




sexta-feira, 10 de maio de 2013

PÉROLAS EM OSTRA




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Não vou por ninguém
Sou lonjura na águia que voa...
E ao sonhar mais além...
Sou ainda o amor que sopra
E o declínio que vem;
*
Nem vou só por mim
Ou pelo voraz pensamento...
Qual menino na ilusão do momento!
A cheirar flores no jardim
Sem se lembrar do cinzento;
*
Só vou pela vida...
Que é um labirinto sem manto...
E pelos altares da embriaguez
Onde gozo os véus que levanto;
*
Só vou pela vida:
Que é o meu mágico encanto
E pelos voos altos em que a desafio
Até a fechar no seu último suspiro...
E aí, redimi-la de tudo o que é pranto!...

Véu de Maya


terça-feira, 7 de maio de 2013

ESPELHOS DE PAIXÃO




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Entre o castanho dos teus olhos
E o verde do meu olhar
Arde a volúpia em teus lábios
E a minha paixão por te beijar;
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Quando te toco na alma 
Todo o teu corpo estremece
Mas se calha de ser lua-cheia
Então é a tua paixão que me endoidece;
*
O teu espelho é uma especiaria erótica
Onde se expande a fantasia...
Já o meu é tão terreno
Que só no teu embarcaria;
*
Quando, em danças de volúpia erótica,
Me fazes crescer o erotismo na boca,
Tal como a noite aos fascínios da lua...
Arrebatas-me à vida na sua orgia pura
E eu a ti, levo-te à paixão que é ternura;
*
Se a vida fosse luar
Queria levitar dentro dela
E rodar no seu jacto de luz
Até ser Sol na tua janela!...

Véu de Maya

sexta-feira, 3 de maio de 2013

NO TEU CORAÇÃO, TÃO INGÉNUO...

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No riacho dos teus olhos
Pressinto desejos sagrados,
Mas é só na bruma dos teus sonhos
Que eles ardem endiabrados!
*
Entre o azul do céu
E o céu da tua boca
Anda a minha boca louca...
E a tua outra, vermelha,
Como veludo dos lábios 
Em volúpia suspensa!
*
Na tua alma dói um encanto
Que à minha alma faz chorar...
Quero extirpar dela o pranto
Para fazer a tua alegria voltar;
*
No teu coração ingénuo
Que aos meus olhos não sabe fingir,
Arde louca a tua volúpia de amor,
*
Mas nos meus olhos
Que são espelho dos teus
Dança, errante, a minha paixão boémia
Que ao teu coração tão terno
Já não é capaz de mentir...
*
Se o vento te bate nas asas
E não te deixa voar como queres
Deita-te nas minhas asas
E aí, voarás como quiseres...

Véu de Maya