sábado, 1 de outubro de 2011

FLAUTA DE PÃ II


*
Somos a aventura e o amor,
a alegria vital e a dor...
o tempo que se mima a ele próprio,
como néctar que transborda em copo;
*
Somos a fragrância mágica...
e o voo leve que nos encanta,
como flauta de pã sedutora mas trágica,
depois das vertigens que à vista levanta;
*
Somos o destino do mundo
em lances onde o caos alastra profundo,
até aos gritos de dor em que a vida se apranta,
como serpente cravada na garganta;
*
Somos o riso que nos encanta,
e o fardo pesado que já se levanta,
e a altivez leve que em espiral circula
secreta como a luz que a fecunda...
*
Somos vagas, navios, e portos,
núvens, faróis, e nunca prontos,
leveza de voos em rasgo de pássaros,
e até rios de pranto em vida de lázaros;
*
Somos o azar que nos envolve,
e a liberdade de emergir que nos acolhe,
mas também o grito que nos invade,
e a nostalgia que nos aflora à saudade...
*
Somos as máscaras do destino,
Véus do acaso em eterno desatino,
A vida! jogada em azar cifrado,
O desejo do mais no efémero plasmado,
E, por fim, o nada de bronze, no voo sagrado!...


Véu de Maya

3 comentários:

Mar Arável disse...

Somos a nossa condição
e pelo sonho é que vamos

Abraço poeta

ETERNA APAIXONADA disse...

Excelente ideia em associar o vídeo à poesia escrita. Creio que facilita mais o entendimento, quando o texto é longo.
Consegui acessar com facilidade, após muito tempo!
Beijos com meu carinho e paixão...

Manuel Veiga disse...

belíssima a tua forma de dizer - VIDA!...

abraços