quarta-feira, 15 de junho de 2011

ACERCA DA DECADÊNCIA...NIETZSCHE.

HOMEM E MULHER CONTEMPLANDO A LUA_G.DAVID FRIEDRICH

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1. Não é que a degradação, o declínio, a degenerescência sejam em si condenáveis:são consequências necessárias da vida, do desenvolvimento da vida. O fenómeno decadência é tão necessário como qualquer outro fenómeno de ascensão e progressão da vida, o qual não podemos suprimir; pelo contrário, a razão exige que se lhe preste justça.
É uma vergonha que todos os teóricos socialistas acreditem que venham a existir circunstâncias, conjunturas sociais, em que o vício, a doença, o crime, a prostituição, a miséria deixem de aumentar-o que seria condenar a vida.
Uma sociedade não pode impedir-se de permanecer jovem; na plenitude da sua força, ela produz  necessáriamente podridões e dejectos. Quanto mais energicamente, mais arduamente ela progredir, mais rica se torna em mazelas, em formas monstruosas-mais se aproxima do declínio. Nem a velhice pode ser suprimida à força das insituições...nem a doença...nem o vício.

2.O cepticismo é uma consequência da decadência, bem como a libertinagem do espírito.
A corrupção dos costumes é uma sequência da decadência, por fraqueza da vontade, necessidade de estímulos fortes. As terapêuticas psicológicas e morais não alteram em nada o curso da decadência, nem a param; são fisiologicamente nulas. Há mesmo que compreender a grande nulidade de pretensas soluções-formas de narcose que acarretam consequências fatais e que não expulsam os elementos mórbidos-que não passam de tentativas, muitas vezes heróicas, para neutralizar o homem decadente, para reduzir-lhe, na medida do possível, a nocividade.
O bom e o mau são dois tipos decadentes, solidários em todos os fenómenos fundamentais.
A questão social é uma consequêcia da decadência.
As doenças, sobretudo as doenças nervosas e mentais são um sinal de que falta a força defensiva das naturezas vigorosas; a irritabilidade que faz do prazer e da dor problemas fundamentais, prova isso.

3.Eu destrinço um tipo de vida ascendente e um tipo de vida decadente-de decomposição, de fraqueza.Pelo que me parece a questão de preeminência entre estes dois tipos é ainda imprecisa.

Nietzsche, Vontade de Poder, I, Res Editora.

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