sexta-feira, 27 de março de 2009

PARTILHA ESTRELAR

MENINA SORRINDO
Connie Talbot-Imagine de John Lennon-Barra de vídeo
*
É a arte de compreender onde não é correspondida
e a dor face ao abismo do terrível ou da separação
onde estremece na lúcida vertigem de não ser compreendida;
*
a alegria de compreender e de ser correspondida
onde correm pelo Mundo os eflúvios da sua fertilidade
até beber águas puras e frescas nos recantos da verdade;
*
a riqueza da partilha no auge onde é correspondida
e a viagem volta a ser uma senda iluminada
como a utopia que se converte em plantação realizada;
*
o recolhimento em si e o êxtase da redenção
onde se abisma para colher com alegria e devoção
a força com que a vontade aspira a levantar a acção;
*
o fulgor da vida nos jogos entre a ironia e o trágico
onde se entranha no movimento e na espontaneidade
sem se fechar no inerte-universal-amor à verdade;
*

a dor e a alegria de ser reconhecida ou ignorada
como a aventura de ser partilhada ou desperdiçada
mas cuja ousadia é procurar sempre uma nova madrugada;
*
É a arte de compreender onde não é correspondida
e a alegria da partilha onde se renova enriquecida
como a liberdade já não no Mundo esquecida;
Coragem contra os véus da representação
dos que não se arriscam aos cumes da reflexão
por ficarem perdidos na vertigem da solução;
Viagens frágeis entre o ser e o pensar
exaltantes como os navios no mar
e a filosofia o instante eterno a desbravar!...


Luís Lourenço, Poética do Instante filosófico

12 comentários:

Rosa Carvalho disse...

Véu de Maya.
Amei a pureza de como voce escreve sobre o ser e o pensar. Magnífico!!!!
Tenho certeza que a compreensão nesta vida é tudo , ainda mais na minha profissão. Vc sabe o quanto é importante...
Bom final de semana.
Bjs Rosa

Cotovia disse...

...a arte é sobretudo um despertar de sentidos e sentimentos.


Aqui sente-se ARTE!

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

"Viagens frágeis entre o ser e o pensar
exaltantes como os navios no mar
e a filosofia o instante eterno a desbravar!"

Luís, o sorriso se manifestou em meus lábios enquanto lia mais uma de tuas belas composições.
Despertas em mim uma ternura, um carinho gostoso de sentir enquanto te leio.

Beijos e borboleteios, poeta!

mdsol disse...

:)))

Graça Pires disse...

Que bonito sorriso! "a dor e a alegria de ser reconhecida ou ignorada". Muito bom.
Abraço.

~pi disse...

gostei do sorriso

( ´imagine`

como a coragem de saltar
as representações

onde procuramos

colher estrelas

e atravessar

( pé ante pé

a

via láctea




beijo, luís




~

RENATA CORDEIRO disse...

Nossa, fiquei sem fôlego. Um poema que apela à reflexão que, se bem feita, tem ótimos resultados.
Luis:
No Galeria, resenhei Morte em Veneza e apresento as pinturas de Ivan Vassilev. Espero por você.
Um abraço,
Renata

Manuel Veiga disse...

poema de iluminação primieva. encantamento puro...

(como um sorriso de marfim)

abraços

Lu disse...

Olá Luis
Lentamente e timidamente, volto ao mundo blogueiro depois de uma longa pausa.

Vejo que o cuidado com esse espaço continua como sempre foi. Sua belíssima escrita,com suas reflexões encantadoras são um bálsamo as nossas mentes...

Beijo!

dona tela disse...

"eflúvios de fertilidade" - se o Senhor não se importar, um dia destes uso lá no meu sítio.

Muito obrigada.

mariab disse...

um belo sorriso para palavras de luz.
beijos

A Respigadeira disse...

"a dor e a alegria de ser reconhecida ou ignorada
como a aventura de ser partilhada ou desperdiçada
mas cuja ousadia é procurar sempre uma nova madrugada;"

Excelente escolha de imagem!

Beijinhos