sábado, 27 de abril de 2013

NA TUA CANOA DE AFECTOS




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Ah, poeta!,-se me sonhas, primeiro, em laços entre diversos
E só depois me perfumas, como tatuagens sublimes, em versos!
Porque oscilas ainda em frente do meu espelho,
Como quem destila silêncios nas voltas do efémero?
*
Ah, vida! mas se te derramo, como sonhos em versos,
E vibro por nós, ao toque estrelar, nos teus afectos mais terrenos,
Como poderia eu arder só no pomar dos teus efémeros...
Sem subir também ao altar cifrado dos teus anéis secretos?
*
Ah, poeta!,-que ingénuo-tu-nos meus anéis e segredos?
A levitares, desde o riso ao silêncio até aos meus espelhos incertos!
 E porque não ardes logo na bolha dos meus feitiços efémeros,
Tal como o luar que passeia, sem dor, por entre oásis e desertos!
*
Ah, vida!-ninfa altiva dos meus versos!
Se subo, em silêncio, ao fundo dos teus riscos e desertos,
Mas volto logo ao gozo dos teus pomares e encantos
É porque, para além de ti, liberta das euforias e prantos, 
Qual outra poderia arder, em poesia, como canoa pura dos afectos?...


Véu de Maya


segunda-feira, 22 de abril de 2013

POR CRAVOS ENCARNADOS



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Ah, poeta!, que estrelas e sombras acolhes nos teus versos?
Afloras-me tu, em silêncio, por ser eu a fonte de jogos tão diversos,
 Em toques de espelhos, como nos teatros velados por máscaras,
   Metáforas dos lances de mim própria no destino das tuas páginas!.
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Ah, vida!,-Como chegaria eu a pressentir-te, por luzes e sombras, 
Sem  navegar no teu mar, como os barcos em loucas ondas?
E até no fogo das tuas raízes, colher cravos encarnados e liberdades,
 Tal como o luar enfeitiça a noite, ao suavizar as obscuridades!
*
Ah, poeta!,-se te afago nas minhas libações e mistérios,
Com alquimias de prumo que arrancas das minhas fábulas,
 É porque te sinto a florir, por mim, no auge das tuas metáforas?
Em voos rasgados ao coração dos meus encantos mais incertos...
*
Ah, vida!, mas se te sinto, no alto, por metáforas de luzes e sombras,
Tal  como os barcos no mar vão aos portos pelo desafio das ondas,
É porque te canto intensa, no devir eterno dos prantos e sonhos...
Até tu-ninfa plena, arderes aqui, como a poesia nos meus olhos!...


Véu de Maya



segunda-feira, 15 de abril de 2013

UM LÍRIO NUM VASO DE ORQUÍDEAS



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Ah, poeta!, porque sonhas inteiro nos teus versos?
Mas é a mim, tão incerta e intensa, que partilhas ao Mundo
 Por toques e laços, e desafios urgentes. que te vêm lá do fundo
Mas que os colhes por inteiro, no fogo dos meus espelhos!
*
Ah, vida!, se te entranho em mim, até às fundas raízes,
É por vibrar contigo ao jogo secreto das utopias sublimes
 Que tu!-certeira no arco das paixões fortes e amores-
  Me ofereces quando transito nas tuas dores maiores...
*
Ah, poeta! e que pressentes tu das minhas alquimias de fogo?
Se elas, na dose mais leve, são meras  ilusões do teu sonho 
Quando, por versos, afloras as tais partilhas de sopros ao Mundo
Numa ponte que vai do sonho lírico até ao raio profundo...
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Ah, vida!, que mais poderia eu pressentir da tua alquimia?
Neste silêncio de espelhos côncavos e convexos!
Se quando me entrego de coração aos teus efémeros e eternos...
Tu, tal como eu,-sorris-te, ao cheirar um lírio, num vaso de orquídeas!...



Véu de Maya

domingo, 7 de abril de 2013

NAS DOBRAS DA TUA SAIA


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Ah, poeta! porque plantas entrelinhas nos teus versos
Mas as entregas-por mim-a inefáveis olhares e universos?
Que mais do que ingénuos rasgos de ti próprio, em véus de maya,
São ilusões fortes do ser nas dobras da minha saia!
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Ah, vida! E como poderia trazer-te pura nos meus versos
Sem te entreabrir no véu dos teus insondáveis diversos?
Que tu,-como a mais sedutora ninfa de espelhos-
Me mostras no jogo interminável dos teus roxos e vermelhos!
*
Ah, poeta!, Mas que rasgos de mim entrelaças nos teus versos, afinal?
 Sem te resguardares a ti próprio nesse espelho virginal...
Que é de espinhos e flores, mas culmina em dores e amores
Quando te enfeitiço no auge do fogo das minhas cores!
*
Ah, vida! Mas que pergunta retórica-a tua?
E qual é o poeta que não te escutaria pura
Se nesse jogo de espelhos te pudesse desvelar nua?
E te entranhar em poesia, como a noite faz à lua!...


Véu de Maya





quarta-feira, 3 de abril de 2013

Adão e Eva




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Somos a vida que sofre no nada
E o mar onde os navios se contagiam errantes
Nos clarins da partida e da chegada;
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Somos o nada que se espelha no tudo
E a música onde o Universo
É uma máscara sublime em ornamentos de veludo;
*
Somos a passagem-breve-
Que se espelha nos sonhos da madrugada...
E o véu dos abismos 
Que se deslumbra na claridade da noite estrelada;
*
Somos o desejo-livre- 
Que se derrama na liberdade cercada...
E o vento que se descarrega 
Nas nuvens de uma ilusão adiada;
*
Somos o amor-incerto-
Que circula na humanidade fechada...
E a liberdade que combate 
Até transbordar em morada sagrada;
*
Somos os véus do tudo e do nada
Peregrinos absolutos na estrada
Os dados duma errancia arriscada...
Inocentes sobre o recinto da vida
Lançados simplesmente e mais nada!...

Véu de Maya

Sugestão:ligue a música antes de escutar o  poema-explore a qualidade 3D do vídeo...e obrigado pelo carinho da visita.