sábado, 13 de junho de 2009

O ENIGMA DO DESEJO

ENIGMA DO DESEJO_SALVADOR DALÍ

[F. Schubert.Serenade-4.22-barra de vídeo]
*
Sei que me um dia me vou dissolver no nada,
E que contra tal destino inelutável será a vitória,
Mas quero ainda, sob este véu, erguer sonhos com glória
De que o Mundo será um dia por que não livre, até morada?
*
Quero transitar pelas cordas do abismo,
E dançar nas vertigens do sublime,
Sem me aprofundar no labirinto em que me dirijo,
Mas de que o jogo alto a cada instante me redime,
*
Quero sentir ainda a leveza das borboletas,
Cuja alegria faz a felicidade toda num só dia,
E sorrir dos fogos de artifício a abrir-se em piruetas,
Como as crianças de carrossel a tornear em fantasia!
*
E errar assim, meio pássaro, meio vertigem,
Neste mundo incerto e tão enigmático até na origem...
Absoluto de ser luta no nada, e no tudo, angústia do nada
Até ser barco e rio e acima de tudo morada!...




Véu de Maya




11 comentários:

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

"Quero sentir também a leveza das borboletas"
Seres quase místicos as borboletas, gosto da presença delas na minha vida!
E a eterna dúvida de ter sido criado do nada ou de algo ter sempre existido continua intrigando minha existência, embora eu tenha a inclinação a achar o máximo alguma coisa ser criada do nada e termos sido capazes de nos colarmos de pé sozinhos.
Ah, Véu de Maya, seus poemas sempre significam em mim. Enamoro-me em cada verso!

Beijos e borboleteios

Vivian disse...

...e eu, neste post,
lhe ví assim:

"só sei que nada sei"

como bem disse o filósofo
Ateniense.

bjbj, querido!

saudades...

Paula Barros disse...

Me lembrou a vida e a morte. A passagem pela vida, tentando fazê-la leve.

bom domingo!

Graça Pires disse...

"E viver assim, denso e leve, meio pássaro, meio vertigem"
Gostei muito.
Beijos.

dona tela disse...

Desculpe não comentar, mas ando bastante baralhada com isto tudo.

Reiterados cumprimentos.

isis de la noche disse...

Mi querido amigo...

Ese destino inexorable de todos, no nos ha quitado la oportunidad de hacer posible la eternidad en versos ;)

Una maravilla de poema..

Y seamos como las 'borboletas'.. que pintan el día de colores aunque mueran en cualquier rayo de sol..

un abrazo inmenso!!!

mdsol disse...

A imagem perturbante. As palavras claras e leves.
:))

Aires Montenegro disse...

Enigma, sempre rio, sabes lá quanto me é rio Schubert!, mas morada? Não sei...

RENATA CORDEIRO disse...

Maravilhoso poema, Luis! À parte o conteúdo, é um belo poema porque você emprega muito bem os recursos da arte poética. A musicalidade, por exemplo. Parece que dançamos de verso em verso, de estrofe em estrofe. Mesmo que o conteúdo não valesse nada, mesmo assim, o seu poema seria lindo. Meus parabéns!
Agora, vou falar um pouco de mim:
publiquei no Galeria sobre um filme aparentemente ingênuo, mas que nos leva a refletir. Aproveito para dizer que tenho outro Blog:
O SONHO DO UNICÓRNIO:
http://renata-osonhodounicornio.blogspot.com/,
onde publico um livro que escrevi e o meu editor, que eu processei porque me deve uma quantia muito alta, nâo quis lançar.
Gostaria que você o conhecesse. Mas, por favor, não deixe de ir ao Galeria.
Um abraço,
Renata

Manuel Veiga disse...

um sabor "pagão" que muito me agrada. em teus poemas.

belos. e "naturais" ("naturalidade bem encenada". sem dúvida). como a morada do Mundo...

gostei muito.

abraços

~pi disse...

meio pássaro

meio vertigem

através do que nem,

~ e

através do que

também




beijo




~