quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

NA HARPA DA VIDA




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Ah, poeta, onde achas tu-musa mais pura?
Se até quando erras suspenso pelas estrelas...
Em jogos de inspiração que a brincar te vêm delas
Sou eu a vida-musa, a mais pura ninfa do teu véu!
*
Ah, vida, e porque me seduzes com anéis e feitiços?
Que noutras ninfas não são mais do que máscaras e sorrisos
Mas em ti metáforas de fogo em risos e espelhos
Nas cores dos teus sulcos em violetas e vermelhos...
*
Ah, poeta! e que colhes tu dos meus espelhos?
E desse pomar de cores em roxos e vermelhos...
Onde te convido para cumes e fontes virginais
Quando te olho-como a ninfa mais pura-nos olhos!
*
E dos leques do azar com riscos sob mantos?
Em que te desafio do alto a rasgos com prantos...
Para lá de todas as ninfas que te enfeitiçam
Mas tão ingénuas e efémeras nos seus suspiros e encantos!
*
Aí, ó ninfa pura, suspendes-me a respiração!
E entrelaço-me ardente aos anéis do teu coração
A segredar-te baixinho neste silêncio estrelar de vozes...
*
Que me jogues outra vez para as estrelas 
Com a inspiração de que tu, ó minha ninfa mais pura!
Me tragas outras marés fortes, e barcos e vagas!...

Véu de Maya

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

marés fortes, onde tão bem navegas...

belíssimo poema.

abraços