quinta-feira, 3 de julho de 2008

A MORALIDADE ATÉ AOS NOSSOS DIAS?

EXTRACÇÂO DA PEDRA DA LOUCURA_HIERONYMUS BOSCH

Óleo sobre madeira, 48 x 35 cm, Madrid, Museu do Prado
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"O primeiro signo de que o animal se transformou em humano é quando os seus actos já não se confinam ao bem-estar momentâneo mas elevam-se a coisas duráveis, por conseguinte, o homem procura a utilidade, a apropriação com uma finalidade:é a primeira eclosão do livre governo da razão .Um nível superior é atingido quando age de acordo com o princípio da honra; graças a ele disciplina-se e submete-se aos sentimentos comuns, o que o eleva muito acima da fase em que a utilidade, entendida apenas pessoalmente, era o seu único padrão; ele honra e quer ser honrado, isto é, ele concebe o útil conforme a sua opinião acerca do outro e a opinião do outro acerca dele.Finalmente, age no nível mais elevado da moralidade até aos nossos dias, de acordo com a sua própria medida das coisas e dos homens; quer para ele e para os outros o que é honorável, o que é útil; tornou-se legislador de opiniões, segundo a concepção sempre cada vez mais desenvolvida do útil e do honorável. A ciência torna-o capaz de preferir o mais útil, isto é, a utilidade geral duradoira à utilidade pessoal, a preferência respeitosa de um valor geral duradouro ao do momento: vive e age como indivíduo colectivo.

Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, I

7 comentários:

mdsol disse...

"Ter vergonha da sua imoralidade, é o primeiro degrau da escada no cimo da qual uma pessoa sente vergonha da sua moralidade" (quem? pois o teu amigo de todos os dias....o Frederico Nicha)
...ora bem..
:)))))
[eu gosto de brincar, spielen como diria o Fred e a mim é-me permitido, julgo eu, porque não sou de....fia] rsrsrs

titofarpas disse...

Olá... Passei por aqui e gostei muito do blog.
Parabéns e felicidades

luis lourenço disse...

Maria do Sol!

Os textos de F.Nietzsche são formidáveis...e na essência da vida está a vontade de ser livre cada vez mais...e a arte-nas suas diversas linguagens- permite esse voo absoluto...Claro.

abraço

Manuel Veiga disse...

aqui tenho uma divergência fundamental - é o "interesse" não a "honra" (ou melhor a "honra" mascara o "interesse) quem determina no "legislador de opiniões" a preferência "respeitosa de um valor geral duradouro"...

abraço

Unknown disse...

Que optimismo o do autor!
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Também eram outros tempos, claramente!...
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Se fosse hoje...
Mas não foi.
Por isso, lembra saudosismo, apesar de ser um óptimo discurso sobre a ética e a política, pois então.
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Para ler e relembrar. Também faz falta.
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[Beijo... de compreendo o herético]

mariam [Maria Martins] disse...

às vezes, parece-me que o conceito de "honra" e "moralidade" variam ao longo do tempo como os benefícios/malefícios de determinados alimentos, segundo orientações e prescrições ditadas pela medicina, alterando-se, consoante as variações e interesses da economia!(exemplo: a sardinha enlatada em conserva, o vinho)

resto de boa semana
um sorriso :)

Sombra de Anja disse...

Interessantissimo.

"Passa-se com o homem o mesmo que com a árvore. Quanto mais quer crescer para o alto e para a claridade, tanto mais suas raízes tendem para a terra, para baixo, para a treva, para a profundeza - para o mal."
Nietzsche

Bjs angelicais