quarta-feira, 25 de março de 2015

Dedicado ao poeta Herberto Helder.


Não conheci pessoalmente o Poeta Herberto Helder e pouco li dos seus versos.
Se o tivesse conhecido, gostaria de partilhar com ele este meu poema que nem sei se ele chegou a ler. Assim sendo, por narcisismo e apreço poético, fica aqui o vídeo e poema dedicados a ele que partiu, sem nos deixar...Que descanse em paz e que a sua poesia continue a ser lida e escutada universalmente, mas antes de mais em Língua Portuguesa.
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É o fio de luz sobre a névoa
Onde a vida abre clareiras
Até o fogo voltar às lareiras;
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É a vida em rodopio trágico
Onde tudo traz a alegria e a dor
Até chegar ao inevitável naufrágio;
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É o mar e a ousadia dos navios
Na aventura de portos e amores
Até sonhar a liberdade em desafios;
*
É o destino do Universo
Na senda da força e da leveza
Que aflora em cada verso;
*
É a fonte do indizível 
Clara mas cifrada nos altares
Dos arautos do intransponível;
*
É o voo sobre os cumes 
Que paira sobre oblíquos espelhos
Em lances de enigmas vermelhos;
*
É a calma sobre os vales
A seguir aos trágicos olhares
Plantada em férteis pomares;
*
É arco, flecha e visão,
Instante cruel e aspiração...
Fio de luz no punhal da vertigem,
*
Olhar que tudo devolve à origem...
Lupa que desvenda fendas
E o destino que borda as rendas...
*
Até que no caos que tudo enlaça
Se toque à profunda inocência
Na obscuridade do tempo que passa!...

Véu de Maya

Se quiser ter a percepção do vídeo em full screen queira ter a amabilidade de passar ao Youtube.
Deixo-vos o meu abraço, com afecto.

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